Carta, AN, 24 de outubro

Padres e política

- Discordo da opinião expressa na carta “Padres e política”, de Pedro Manoel Fernandes (23/10, página 14). Alguns setores da Igreja Católica, notadamente a Teologia da Libertação, radicalizaram os preceitos éticos cristãos transformando-os, corretamente, em exigências políticas. A exigência de vida, contida nos textos sagrados, é a exigência de água, transporte, moradia etc. A partir disso, é impossível negar que há políticas que servem aos poderosos, contra os quais vários personagens bíblicos se opuseram, e políticas que servem aos deserdados da terra.

O apoio dos padres citados, à medida que entendem que os candidatos em questão contemplem essas exigências, é legítima. A Igreja supostamente apolítica foi aquela que marchou com “Deus, com a Família e pela Liberdade” e preparou o golpe militar. A Igreja que nunca escondeu sua preferência pelos pobres foi aquela que abrigou o revolucionário Carlos Marighella, quando perseguido, fundou as Comunidades Eclesiais de Base e, em Joinville, no ano passado, lutou contra o aumento da tarifa de água. O imperativo ético cristão é, em última instância, um imperativo político.

Hernandez Vivan
Joinville

Fonte: http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2262206.xml&template=4191.dwt&edition=10966&section=940