Por Pedro Venceslau [Sexta-Feira, 4 de Setembro de 2009 às 13:23hs]
A mais ousada ação militar da esquerda armada brasileira contra a ditadura completa hoje 40 anos. Quis o destino, se é que ele existe, que a efeméride do sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick coincidisse com a reconhecimento do Exército pela morte de seu mentor e líder, Virgilio Gomes da Silva, o Jonas.
Número 2 na hierarquia da ALN em 1969 (o 1 era Carlos Marighella), Jonas foi preso pouco tempo depois da ação, no dia 28 de setembro. Em uma sala da Oban, a temida Operação Bandeirantes, foi assassinado a chutes, pontapés e pauladas pouco tempo depois. Pai deste repórter, Paulo de Tarso Venceslau, que também participou da ação, foi preso logo em seguida, em uma emboscada em São Sebastião, para onde foi afim de buscar justamente a família de Jonas, que já estava presa. É ele quem conta. “Me levaram para uma sala e me deixaram em um pau de arara em frente a uma parede cheia de sangue e com um volume, que disseram ser a massa encefálica do Jonas”.
Foi apenas em 2004 e graças a uma investigação jornalísitica do competente repórter Mário Magalhães, da Folha, que a família de Jonas descobriu e teve acesso ao laudo de sua morte. Até então considerado “desaparecido político”, ficou-se sabendo então que ele está enterrado no cemitério de Vila Formosa, em São Paulo. “Não sabemos em que sepultura. Quero que o Exército se responsabilize por essa busca, especialmente agora que eles reconheceram a morte dele dentro de suas dependências. Virgilio merece um enterro decente”, disse-me a viúva, Ilda Martins da Silva.
Pode-se dizer que essa foi a terceira morte de Virgilio Gomes da Silva. Entre a primeira, a física, naquele fatídico dia 28, e a terceira, a oficial, em 2004, Jonas foi massacrado pelo filme O que é isso companheiro? , baseado no livro homônimo de Fernando de Gabeira. “O filme é uma fraude. Virgilio não era louco e agressivo como eles mostraram. Também não fumava, mas nas cenas aparece fumando sem parar. Processei a produtora e ganhei em primeira instância. Perdi na segunda e estou aguardando a terceira”, diz a viúva Ilda.
“Fizeram uma caricatura covarde e infame do Jonas. No filme ele é retratado como um idiota. O Gabeira não teve a decência de vir a público dizendo que o filme distorcia a verdade”, afirma o historiador Daniel Aaarão Reis, um dos idealizadores do sequestro. Fórum publica na edição de outubro um perfil sobre Jonas.
Pedro Venceslau
Fonte: http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/NoticiasIntegra.asp?id_artigo=7452
Um comentário:
o mais incrivel é que o reporter era da Folha...ehehehe...
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